Produção

Pelo alimento saudável e produção mais limpa

Dia de campo reúne todo o potencial agroecológico e orgânico da Zona Sul do Estado na Estação Cascata da Embrapa

Foto: Jô Folha - DP - 800 visitantes e mais de 45 expositores passaram pelo evento

Por Luciara Schneid
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​A Estação Experimental Cascata (EEC) da Embrapa Clima Temperado reuniu, durante o dia nesta quinta-feira (1º), todo o potencial agroecológico e orgânico da região, durante o 17º Dia de Campo sobre Agroecologia e Produção Orgânica e a 1ª Feira da Agroecologia. De acordo com o coordenador técnico da Estação, o pesquisador Luis Fernando Wolff, passaram pelo local pelo menos 800 visitantes e a feira recebeu mais de 45 expositores de diversas organizações voltadas à produção agroecológica.

Com 84 anos de atividades, a unidade se volta ao desenvolvimento de ações para a independência tecnológica da agricultura familiar e desenvolve projetos que buscam a sua sustentabilidade, com pesquisa focada nos sistemas agroecológicos e de transição agroambiental, explica Wolff. “A unidade é hoje uma referência nacional na área da pesquisa em agroecologia”, ressalta.

A interação com outras instituições de pesquisa, ensino, extensão rural, organizações não governamentais para apoio ao pequeno produtor é destacada pelo pesquisador. “Dedicamos esforços à construção coletiva do conhecimento com esses parceiros, desenvolvemos e aprimoramos práticas e processos de cultivo e criação, integrados aos ecossistemas regionais e voltados à produção de base ecológica”, ressaltou.

Entre as inúmeras vantagens obtidas a partir da adoção da produção ecológica e orgânica nas propriedades, o coordenador da feira, o pesquisador João Carlos Costa Gomes, destaca a abertura de oportunidades aos jovens e a valorização do trabalho das mulheres. Segundo ele, muitos jovens que deixaram as propriedades em busca de oportunidades no ambiente urbano, hoje fazem o caminho inverso, mudando o sentido do êxodo rural, diz .”O sistema orgânico/ecológico recria a felicidade de produzir alimentos”, salienta.

Um exemplo disto é a agrônoma Andreia Noremberg, de 30 anos, que conheceu um pouco mais sobre agroecologia durante estágios realizados no curso de Agronomia. “Saí do campo, mas estudei temas voltados ao campo”, conta. Filha de produtores de fumo, ela não via a cultura com bons olhos e se dedicou a buscar alternativas de produção ao cultivo do tabaco.

A proximidade com a família do marido Robson Schiavon, que tem sua atividade voltada à agroecologia, lhe incentivou a buscar mais conhecimentos sobre o assunto, tanto teóricos quanto práticos. “Nós dois fizemos este movimento de sair do campo e voltar depois de um tempo”, ressalta.

Na propriedade do casal, localizada no interior de Canguçu, a dois quilômetros da cidade, eles produzem hortaliças e algumas frutas no sistema agroecológico. A mais nova aposta do casal é o mel, pois acredita que o fato de não ser usado veneno na lavoura, beneficia a atração e criação das abelhas. “É um sistema mais trabalhoso, a gente rala bastante, mas vale a pena”, ressalta.

Dados regionais
Segundo dados da Emater RS Ascar, existem hoje na região em torno de 380 produtores orgânicos certificados, que se dedicam às mais diversas produções vegetais. O engenheiro agrônomo da entidade, Fernando Horn, salienta que a demanda por estes alimentos é crescente e os atuais produtores não conseguem atendê-la, e por isso, avalia existir amplo espaço de crescimento para o setor.

Para ele, o dia de campo e a feira demonstraram a força da agroecologia como segmento econômico consolidado, com uma cadeia formada, com fornecedor de insumo, de produtos, sementes, prestadores de serviço, entre outros. “Não é mais um agricultor isolado produzindo de forma orgânica, mas com uma estrutura, uma cultura de suporte para potencializar o desenvolvimento deste trabalho”, ressalta. Ele destaca o evento como forma de apresentar tecnologias, sistemas de produção e manejos que possam auxiliar e facilitar o trabalho do agricultor neste sistema produtivo.

Ele acrescenta que a região do Corede Sul possui atualmente dez Organismos de Controle Social (OCS) certificados pelo Ministério da Agricultura para atender todas as normativas da legislação da produção orgânica. Também possui dois Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânica (Opacs), que segundo ele, têm uma estrutura mais complexa de controle e também sistema de auditoria. ​

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